A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, que analisa empresas varejistas com 20 ou mais empregados, revelou alguns dados importantes sobre o desempenho do Varejo Restrito no Brasil. Em novembro, o volume de vendas do Varejo Restrito apresentou variação de -0,4% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal, depois de dois meses consecutivos de alta, indicando certa estabilidade na atividade (para o IBGE, variações de -0,5% a 0,5% são consideradas como estabilidade). Entre as atividades pesquisadas, cinco registraram queda e três apresentaram alta. A maior queda na margem foi do segmento de Móveis e eletrodomésticos (-2,8%), resultado da antecipação das promoções de Black Friday em outubro de 2024. Entre as unidades da federação, 17 unidades registraram queda. Por outro lado, ao comparar com novembro de 2023, o Varejo Restrito teve um aumento de 4,7% (18ª taxa positiva consecutiva). Nesse comparativo, cinco atividades registraram alta, duas apresentaram queda e uma manteve estabilidade. Em relação aos estados, 26 unidades da federação tiveram crescimento, e uma apresentou estabilidade. Em termos acumulados, o Varejo Restrito obteve um crescimento de 5,0% no ano e de 4,6% nos últimos 12 meses.
Entre os destaques, na comparação interanual, as atividades de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (10,2%), Tecidos, vestuário e calçados (8,0%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,4%) apresentaram bom desempenho. Por outro lado, o Varejo Ampliado, que inclui atividades como Material de Construção, Veículos, Motos, Partes e Peças, e Atacado de Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo, teve uma queda de -1,8% na comparação mensal. Em relação a novembro do ano anterior, o Varejo Ampliado apresentou aumento de 2,1%, acumulando alta de 4,4% no ano e 4,0% nos últimos 12 meses.
No Rio Grande do Sul (RS), o Varejo Restrito registrou uma alta de 0,5% em novembro, em relação ao mês anterior, na série dessazonalizada, após um aumento de 0,2% em outubro de 2024. Em comparação com novembro do ano passado, o crescimento foi de 11,6%. Com o resultado de novembro, o Varejo Restrito gaúcho acumulou uma alta de 8,2% no ano e de 7,6% nos últimos 12 meses, acelerando em relação ao mês anterior. O Varejo Ampliado no estado apresentou uma queda de 1,0% na comparação mensal, e em relação a novembro de 2023, as vendas do Varejo Ampliado aumentaram 13,2%. Com isso, o volume de vendas do Varejo Ampliado acumulou um crescimento de 9,2% no ano e 8,1% em 12 meses.
O aumento de 11,6% no Varejo Restrito gaúcho, na comparação com novembro de 2023, foi impulsionado por cinco altas e três quedas. Entre as altas, destacam-se as atividades de Tecidos, Vestuário e Calçados (14,8%), Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (14,8%), Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (12,7%), Combustíveis e Lubrificantes (11,2%), e Artigos Farmacêuticos e Perfumaria (9,4%). As quedas ficaram por conta de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (-13,1%), Móveis e Eletrodomésticos (-3,5%) e Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação (-1,4%). No Varejo Ampliado, a atividade de Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo registrou uma variação positiva de 24,2%, Materiais de Construção teve um aumento de 16,0%, enquanto Veículos, Motos, Partes e Peças subiu 7,2%.
O desempenho do varejo no Brasil em novembro surpreendeu o mercado, com uma queda de -0,4%, contrariando a expectativa de crescimento de 0,1%. Esse resultado, que ocorre em um mês tradicionalmente impulsionado pela Black Friday, reflete um cenário econômico mais desafiador, o que pode impactar as decisões de consumo. Cabe ressaltar que o Rio Grande do Sul se destacou positivamente, com uma leve alta na margem e aceleração nas vendas em comparação com o restante do país. Em 2025, o setor varejista brasileiro pode enfrentar desafios, considerando o cenário de juros elevados, o câmbio desvalorizado e o crédito caro e mais restrito, fatores que devem levar os consumidores a adotar uma postura mais cautelosa. Por outro lado, o mercado de trabalho, com taxas de desemprego em níveis historicamente baixos, e as transferências de renda, continuam a ser fatores importantes que sustentam a demanda, oferecendo um suporte ao setor mesmo diante de um ambiente econômico mais difícil. Além disso, tanto para o caso gaúcho quanto para o restante do Brasil, a base de comparação elevada também deve impactar as taxas interanuais.