Em agosto de 2024, o estoque total de crédito (incluindo recursos livres e direcionados) do Sistema Financeiro Nacional (SFN) em termos nominais variou 0,9% em relação ao mês anterior, totalizando R$ 6,1 trilhões. Esse resultado é decorrente da expansão de 1,0% na modalidade de recursos direcionados – tipo de crédito que tem taxas e destinação regulamentadas – e de 0,7% em recursos livres – que tem taxas negociadas diretamente entre bancos e tomadores. Em relação a agosto de 2023, o estoque de crédito do SFN teve aumento de 10,1%, sendo 11,4% no caso dos recursos direcionados e 9,2% nos recursos livres. O saldo de crédito com recursos direcionados representou 41,8% do saldo total em ago/24, sendo 58,2% a participação dos recursos livres.
Quanto às novas concessões (novas contratações de empréstimos), houve alta nominal de 1,0%, na série com ajuste sazonal, na passagem de julho para agosto, com influência da alta nas concessões de recursos livres (1,2%), uma vez que as concessões com recursos direcionados tiveram variação de -1,8%. Nos recursos livres, empréstimos a PJ tiveram queda de 2,4% na passagem do mês, enquanto para PF houve aumento de 0,3%. Em relação a agosto de 2023, houve elevação de 11,7% em termos nominais, nas concessões totais, sendo 16,8% nos recursos livres (23,8% PJ e 11,4% PF) e -13,4% nos direcionados. No resultado do acumulado em 12 meses, as concessões totais aumentaram em 12,1%, com altas de 12,6% no crédito livre e 7,6% no direcionado.
Quanto à taxa média de juros, nas operações com recursos livres, a taxa foi de 39,8% a.a. em agosto, sendo 51,9% a.a. nos empréstimos para PF e 21,1% a.a. para PJ. Já a taxa média com recursos direcionados foi de 10,5% a.a. – para pessoas jurídicas foi de 12,0% a.a. e pessoas físicas, 10,0% a.a.. Em relação à inadimplência, a taxa ficou em 4,5% para operações com recursos livres (4,4% em julho de 2024 e 4,9% em agosto de 2023), sendo 5,5% entre PF (5,5% em julho de 2024 e 6,1% em agosto de 2023) e de 3,0% entre PJ (2,9% em julho de 2024 e 3,3% em agosto de 2023). No crédito com recursos direcionados, a inadimplência foi de 1,5% (1,4% em julho de 2024 e 1,6% em agosto de 2023), sendo 1,6% para pessoas físicas (1,5% em julho de 2024 e 1,6% em agosto de 2023) e 1,3% para pessoas jurídicas (1,3% em julho de 2024 e 1,5% em agosto de 2023).
Os dados do crédito seguem mostrando um mercado dinâmico com crescimento sustentado acima de 10% – registrado tanto no saldo total do SFN quanto das novas concessões – e inadimplência estável. Essa dinâmica vem em linha com ciclo de afrouxamento monetário que promoveu um corte de 3,25 p.p. na Selic desde agosto do ano anterior até maio desse ano. No entanto, ao mesmo tempo em que fica evidente esse repasse pela queda registrada nas taxas de juros praticadas em relação a agosto de 2023, na ponta já se capturam sinais de acomodação que, à frente, devem responder a um custo de captação maior pelo novo ciclo de ajuste altista, e limitado, da Selic. Ainda assim, não se espera nenhuma reversão no mercado de crédito, e sim uma suavização do crescimento para o próximo ano. Segundo projeções do Banco Central, o saldo de crédito deve fechar 2024 com crescimento de 11,1% e desacelerar para 10,3% em 2025.