IPCA desacelera e registra 0,21% em junho de 2024
10/07/2024
Economia
Elaboração Assessoria Econômica/Fecomércio-RS

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou variação de 0,21% em junho de 2024. A variação ficou abaixo do verificado em maio de 2024 (0,46%), mas acima do registrado em junho de 2023 (-0,08%). Como resultado, a inflação acumulada nos últimos 12 meses acelerou para 4,23%.


Entre os nove grupos que compõem o IPCA, sete registraram variação positiva em junho. Dois desses grupos tiveram grande influência no índice do mês: Alimentação e Bebidas, com uma variação de 0,44% e o maior impacto (0,09 p.p.), e Saúde e Cuidados Pessoais, que variou 0,54% e teve um impacto de 0,07 p.,p. O único grupo que apresentou redução de preços foi Transportes, com uma variação de -0,19% e impacto de -0,04 p.p.. Os demais grupos apresentaram as seguintes elevações: Habitação (0,25%; 0,04 p.p.), Artigos de Residência (0,19%; 0,01 p.p.) e Despesas Pessoais (0,29%; 0,03 p.p.). Os grupos de Vestuário, Educação e Comunicação não tiveram impacto no índice.


No grupo de Alimentação e Bebidas, tanto a Alimentação no Domicílio (0,47%; 0,07 p.p.) quanto a Alimentação fora do Domicílio (0,37%; 0,02 p.p.), apresentaram desaceleração. Os principais itens de destaque foram a batata inglesa (14,49%), o leite longa vida (7,43%), o café moído (3,03%) e o arroz (2,25%). No grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, o aumento foi impulsionado principalmente pelos perfumes (1,69%) e pelos planos de saúde (0,37%). Por outro lado, o grupo de Transportes registrou uma queda, sobretudo devido à redução nos preços das passagens aéreas, que caíram 9,88%, impactando o índice em -0,06 p.p.


A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) registrou o menor índice regional em junho, com uma queda de -0,14%, depois de ter registrado a maior alta do país no mês anterior. Como resultado, o IPCA acumulou 3,71% nos últimos 12 meses, abaixo da média nacional. Esse resultado foi influenciado pela diminuição dos preços das passagens aéreas (-9,62%) e do gás de botijão (-5,02%), ambos impactando o índice em -0,07 p.p. cada. A Alimentação no Domicílio também se destacou, apresentando uma queda de -0,88% e um impacto de -0,14 p.p. Entre os itens alimentares, destacam-se as quedas nos preços das frutas (-5,49%; -0,07 p.p.), cebola (-9,50%; -0,05 p.p.), pão francês (-2,86%; -0,02 p.p.) e ovo de galinha (-5,82%; -0,02 p.p.). O resultado de Porto Alegre não foi algo que surpreendeu. No mês anterior, a região foi fortemente afetada pela tragédia natural, o que pressionou a oferta de vários produtos e aumentou a demanda por outros. Além desses efeitos das enchentes, houve também aumento de ICMS sobre os itens da cesta básica. No entanto, em junho, os decretos que aumentavam a incidência de ICMS foram revogados, resultando em uma redução de tributos, com impacto sobre os preços praticados. Essa medida, bem como a normalização da oferta e da demanda, justificam a desaceleração nos preços dos alimentos observados no mês. 


Do ponto de vista qualitativo, o índice de difusão, que mostra o percentual dos 377 itens pesquisados que registraram variação positiva de preços no período, passou de 57,29% em maio para 52,25% em junho. Houve também uma desaceleração importante na inflação de serviços tanto na margem (0,04% em junho de 2024 ante 0,40% em mai0 de 2024) quanto no acumulado em 12 meses (4,47% em junho de 2024 ante 5,08% em maio de 2024). Esse mesmo comportamento foi verificado na análise da média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central, que desacelerou na margem para 0,23% (no mês anterior havia sido 0,39%); embora, na média em 12 meses tenha registrado leve aceleração para 3,58% (no mês anterior havia sido 3,55%).


O IPCA de junho trouxe uma surpresa positiva, mesmo com a aceleração do acumulado em 12 meses. Vale lembrar que esta época do ano é marcada pela sazonalidade, quando os índices de inflação são comumente mais baixos. Apesar de o índice de junho deste ano ter sido maior do que o do ano passado, o resultado foi menor do que o projetado pelo mercado, e qualitativamente os resultados foram bons. Além da desaceleração dos Alimentos, principal grupo de pressão, houve desaceleração dos serviços, uma das principais preocupações no processo desinflacionário deste ano. A inflação acumulada em 12 meses dos serviços ficou dentro da faixa de limite da meta, o que traz um certo alívio, considerando o cenário de mercado de trabalho apertado. Algumas pressões inflacionárias seguem sendo monitoradas, como as movimentações recentes do câmbio. Além de medidas com impacto de curto prazo, como a sobretaxa aplicada a partir de julho proveniente da bandeira amarela em energia elétrica e aos reajustes no preço da gasolina e do gás de cozinha feitas pela Petrobrás que vigoram desde 9 de julho. 


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