PIB cresce 0,8% no primeiro trimestre
05/06/2024
Economia
Elaboração: Assessoria Econômica/Fecomércio-RS

De acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2024 na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Assim, o PIB registrou R$ 2,7 trilhões em valores correntes. Frente ao 1º trimestre de 2023, o PIB brasileiro apresentou aumento de 2,5%, a mesma taxa do acumulado em quatro trimestres. Dessa forma, o acumulado em quatro trimestres desacelerou em relação aos 2,9% registrados no 4ºT/23.


Na comparação com o trimestre anterior, o aumento refletiu o crescimento de 11,3% da Agropecuária e de 1,4% nos Serviços. Já a Indústria teve variação negativa muito pequena (-0,1%), ficando praticamente estável. Pelo lado da demanda, o Consumo das Famílias cresceu 1,5% e o Consumo do Governo ficou estável (0,0%). A Formação Bruta de Capital Fixo registrou alta de 4,1%. No setor externo, variação de 0,2% nas Exportações e de 6,5% nas Importações.


Na comparação com o mesmo período de 2023, sob a ótica da produção, Serviços e Indústria tiveram crescimento, enquanto Agropecuária recuou. A alta de 3,0% dos Serviços foi disseminada dentre os segmentos do setor, com destaque para o crescimento de Outras atividades de Serviços (4,7%) e Informação e Comunicação (4,6%). O Comércio apresentou crescimento de 3%. Na Agropecuária houve queda de 3,0%. Na Indústria, o aumento de 2,8% refletiu as altas da Indústria Extrativa (5,9%) de Eletricidade e Gás, Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos (4,6%) da Construção Civil (2,1%) e da Indústria de Transformação, que, por sua vez, registrou alta de 1,5%.


Ainda nessa base de comparação, pela ótica da demanda, o Consumo das Famílias teve alta de 4,4%, enquanto o Consumo do Governo variou 2,6%. A Formação Bruta de Capital Fixo (que mede a parcela de produto utilizada para realizar investimentos) avançou 2,7%. No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram alta de 6,5%, enquanto as Importações de Bens e Serviços aumentaram 10,2% no primeiro trimestre de 2024. 


Os dados do PIB vieram em linha com o esperado e mostram uma economia que volta a ganhar força depois do último trimestre fraco em 2023. A comparação com o mesmo trimestre do ano anterior deixa evidente, no entanto, o tom diferente do crescimento em 2024, em que o protagonismo fica por conta de Serviços, com impulso expressivo pelo consumo das famílias, ante uma normalização da Agropecuária que, por sua vez, repercute sobre uma dinâmica da demanda externa em que as exportações avançam menos que as importações. Na Indústria, por mais que a taxa ante o primeiro trimestre do ano passado seja praticamente a mesma que a registrada no trimestre anterior, a composição diferente mostra uma reação da Indústria de Transformação, que volta a crescer depois de 4 trimestres no negativo, ou seja, sobre uma base muito baixa. 


Pelo lado da demanda, para além do consumo das famílias – que tem sido sustentado pelo mercado de trabalho aquecido e avanço da renda (pelo emprego, benefícios sociais potencializados com reajuste do salário mínimo, pagamento de precatórios) – também tem destaque a reação do investimento em um cenário de queda de juros, com a formação bruta de capital fixo registrando o primeiro aumento depois de três trimestres de queda; apesar da reação, a taxa de investimento (calculada pela formação bruta de capital fixo sobre o PIB), em 16,9%, ficou ainda abaixo do mesmo trimestre de 2023 (17,1%). 


Para o ano, para além da moderação do diferencial dos impulsos que dão suporte ao consumo das famílias pelo lado das transferências e de alguma acomodação do mercado de trabalho, a parada da Selic em um patamar maior ao que era anteriormente projetado pode limitar uma expansão mais forte tanto do consumo quanto do investimento. Ainda, vale nota que o impacto baixista da tragédia que acometeu o Rio Grande do Sul deve ficar evidente nos dados do segundo trimestre; porém, a depender dos esforços empregados para a reconstrução, pode ser haver compensação no trimestre seguinte.


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