O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou variação de 0,38% em abril de 2024. A variação ficou acima do verificado em março de 2024 (0,16%) mas abaixo do registrado em abril de 2023 (0,61%). Como resultado, a inflação acumulada nos últimos 12 meses desacelera para 3,69%, menor valor desde junho de 2023 quando registrou 3,16%.
Dentre os nove grupos do IPCA, sete apresentaram alta e dois registraram queda. Dois grupos tiveram grande influência no índice de abril: Saúde e Cuidados pessoais, com a maior variação (1,16%) e o maior impacto no mês (0,16 p.p.), e Alimentação e Bebidas, com variação de 0,70% e impacto de 0,15 p.p. No aspecto baixista, o grupo de Artigos de Residência variou -0,26%, com impacto de -0,01 p.p.. Em relação aos demais grupos, ocorreram elevações em Vestuário (0,55%; 0,03 p.p.), Transportes (0,14%; 0,03 p.p.), Despesas Pessoais (0,10%; 0,01 p.p.) e Comunicação (0,48%; 0,02 p.p.). Ainda, Habitação (-0,01%) e Educação (0,05%) não tiveram impacto (0,00 p.p.) no índice geral.
No grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, o aumento ocorreu, sobretudo, devido aos produtos farmacêuticos que variaram 2,84%, com impacto de 0,10 p.p. no índice cheio. Em Alimentação e Bebidas, o mês de abril registrou aceleração da Alimentação no Domicílio (0,81%; 0,13 p.p.) e na Alimentação fora do Domicílio (0,39%; 0,02 p.p.), com destaque para a alta do mamão (22,76%), pimentão (25,18%), cebola (15,63%) e tomate (14,09%). Em Transporte é destacado dois movimentos divergentes, a queda na passagem aérea (-12,09%; -0,08 p.p.) e a alta da gasolina (1,50%; 0,08 p.p.) e do etanol (4,56%; 0,03 p.p.).
A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) passou de uma variação negativa em março (-0,13%) para uma variação positiva de 0,64% em abril, bem acima do índice nacional. Isto ocorreu, pois, além da variação em Alimentação e Bebidas (0,84%; 0,18 p.p.) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,11%; 0,15 p.p.), a RMPA apresentou um impacto expressivo do grupo de Transportes (0,77%; 0,16 p.p.) em razão do aumento dos combustíveis (4,23%), com destaque para a gasolina (4,38%). Com isso, o IPCA acumulou alta de 3,02% nos últimos 12 meses.
Do ponto de vista qualitativo, apesar de um aumento no índice de difusão, que mostra o percentual dos 377 itens pesquisados que registraram variação positiva de preços no período, de 55,70% em março para 57,03% em abril, houve inflação menor no grupo serviços (0,05% em abril de 2024 ante 0,10% em março de 2024) com influência de passagens aéreas, desacelerando no acumulado em 12 meses para 4,60%. Além disso, a média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central, embora tenha acelerado na margem para 0,26% (no mês anterior havia sido 0,15%), a média em 12 meses continuou sua trajetória de queda, passando de 3,79% para 3,53% (ainda acima da meta de 3,0%).
Apesar da continuidade do processo de desinflação e um quadro qualitativo que não tem sinalizado piora, a inflação de serviços em 12 meses bem acima da meta continua demandando atenção no acompanhamento da trajetória dos preços mais sensíveis a um mercado de trabalho que segue aquecido.
Vale nota que entra no radar, mesmo que com bastante incerteza quanto a magnitudes, os possíveis impactos das enchentes no RS, sobretudo em preços de alimentos, nas próximas leituras.
