O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que monitora o comportamento dos preços da cesta de consumo de famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos, registrou uma variação de 0,37% em abril de 2024. Essa taxa é inferior à registrada em abril de 2023 (0,53%), mas superior à de março de 2024 (0,19%). Como resultado, a variação acumulada nos últimos 12 meses desacelerou, atingindo 3,23%, o menor patamar desde jun/23, quando foi registrado 3,0%.
Entre os nove grupos analisados, sete apresentaram variação positiva. Os principais destaques do mês estão nos grupos de Alimentação e Bebidas, Saúde e Cuidados Pessoais e Transportes. O grupo de Alimentação e Bebidas teve o maior impacto no mês, contribuindo com 0,14 p.p. Ao contrário do ocorrido em março, houve uma aceleração na margem, com uma variação de 0,57% no mês, com a alimentação no domicílio registrando 0,64%. O grupo de Saúde e Cuidados Pessoais teve o segundo maior impacto (0,13 p.p.) ao variar 1,08% em abril (0,32% em março), refletindo, principalmente, o aumento nos preços de produtos farmacêuticos (2,92%) devido ao reajuste ocorrido a partir de 1 de abril. Em Transportes, o impacto foi de 0,06 p.p., com a variação passando de -0,08% em março para 0,32% em abril, devido ao aumento de combustíveis (1,72%), com destaque para o etanol (4,34%) e gasolina (1,51%).
O resultado de abril ficou dentro do esperado, apontando para um cenário prospectivo de continuidade do processo de desinflação ao longo do ano. Para frente, além de acompanhar a repercussão da dinâmica do mercado de trabalho resiliente sobre a trajetória dos preços de serviços, entra no radar os possíveis efeitos da tragédia climática no Rio Grande do Sul (a Região Metropolitana de Porto Alegre representa 7,15% do índice nacional) sobre o INPC nacional. Além do impacto sobre a oferta local de alimentos in natura devem ser acompanhados os efeitos da tragédia sobre a safra final gaúcha de arroz e também de soja, além dos desdobramentos sobre a cadeia de leite e de proteína animal. Mesmo sem ser possível ainda magnificar a repercussão sobre os preços e o potencial impacto sobre o INPC, a tragédia implica um leve viés de alta para as projeções.
